Um temporal de proporções históricas atingiu Petrópolis e Angra dos Reis no último sábado, com volumes pluviométricos que superaram 300 mm em 24 horas — 50% acima da média esperada para todo o mês de abril. O bairro São Sebastião, em Petrópolis, foi um dos mais afetados, registrando 301 mm de chuva, segundo o Cemaden. Apesar da destruição de infraestrutura e de centenas de desabrigados (57 em Petrópolis e 331 em Angra), as cidades não contabilizaram mortes, graças a sistemas de alerta precoce e evacuações preventivas.
Resposta emergencial e tensão política
O governo federal enviou técnicos da Defesa Civil para auxiliar nos planos de reconstrução, mas a crise foi marcada por trocas de acusações entre o governador Cláudio Castro (PL) e a ministra Gleisi Hoffmann (PT). Castro criticou a demora no apoio federal, enquanto Gleisi rebateu as declarações, afirmando que a União “não se omitiu”. Enquanto isso, moradores de Angra protestaram contra a falta de energia — a Enel informou que 2.845 clientes permaneciam sem luz no domingo à noite, com equipes enfrentando alagamentos e árvores caídas.
Alerta permanente
Apesar da trégua nas chuvas neste domingo, o Cemaden manteve alerta de risco alto de deslizamentos para Petrópolis, Angra, Duque de Caxias e Teresópolis. O Inmet prevê dias mais secos na região, mas a Marinha emitiu aviso de ressaca no litoral do Rio até esta segunda-feira, com ondas de até 3 metros. O episódio reforça os desafios crônicos de prevenção a desastres nas cidades serranas, onde chuvas intensas — agravadas pelas mudanças climáticas — frequentemente superam a capacidade de resposta local.