Aos 39 anos, a artista performática April Hubbard prepara seu último ato: uma morte assistida no palco onde se apresentou por anos. Diagnosticada com espinha bífida e tumores na coluna, ela convive com dores debilitantes há décadas. “Quero partir cercada de amor”, diz April, que recebeu aprovação para eutanásia no Canadá – país com uma das legislações mais permissivas do mundo sobre o tema.
A polêmica expansão da lei canadense
Desde sua implementação em 2016, o programa de Assistência Médica para Morrer (MAID) no Canadá ampliou significativamente seu alcance. O que começou restrito a pacientes terminais agora inclui pessoas com doenças crônicas e, em breve, pode abranger casos de transtornos mentais. Críticos alertam para um “efeito bola de neve”: “É mais fácil obter ajuda para morrer do que apoio para viver”, afirma Andrew Gurza, ativista pelos direitos das pessoas com deficiência.
Um debate global
Enquanto o Parlamento britânico discute a legalização da eutanásia em moldes mais restritos, o caso canadense serve de alerta. Com 10 mil mortes assistidas apenas em 2021, o país enfrenta questionamentos éticos sobre até que ponto o sistema está oferecendo a morte como solução para problemas sociais complexos. Para April, porém, a escolha é clara: “Meu sofrimento não me permite mais viver com dignidade”. Seu caso reacende a discussão: quando a vida deixa de valer a pena ser vivida?
Dados chave:
• Canadá registrou 10.064 mortes assistidas em 2021
• Lei deve incluir transtornos mentais até 2027
• 34% dos canadenses apoiam expansão da MAID
• Reino Un debate modelo com restrições mais rígidas