A ameaça do ex-presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros balançou o câmbio e os mercados nos últimos dias — mas analistas já enxergam sinais de que o republicano pode “amarelar” antes de transformar a retórica em prática. O movimento tem até nome no jargão financeiro: “Taco Trade”, uma sigla informal que significa “Trump Always Chickens Out” — ou “Trump Sempre Amarela”, em português.
Na prática, trata-se de uma estratégia já observada no governo anterior de Trump: ele faz ameaças duras no início das negociações, gerando pânico temporário nos mercados, para depois recuar e buscar acordos mais brandos. A recente fala de que “talvez fale com Lula em algum momento” reforçou essa leitura. Com isso, o dólar, que chegou a R$ 5,59 no pico, perdeu força e fechou praticamente estável na última sessão.
Grandes fundos internacionais também relativizaram os efeitos da possível sobretaxa. Para eles, o Brasil é menos vulnerável que outros países em função da sua economia mais fechada e da maior dependência comercial da China, não dos Estados Unidos. Segundo a Franklin Templeton e a Aberdeen, mesmo que as tarifas entrem em vigor, o impacto seria limitado e o país conseguiria reacomodar parte das perdas.
A pressão internacional também vem crescendo. A China, principal parceira comercial do Brasil, criticou publicamente a proposta de Trump, o que aumenta o custo diplomático para os EUA. No Brasil, o governo já indicou que responderá com reciprocidade se a sobretaxa for implementada — mas por ora, a expectativa do mercado é que Trump recue antes que a medida se concretize.