O ministro Luiz Fux, do STF, suspendeu o julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues Santos, acusada de pichar a estátua da Justiça com batom durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Fux pediu mais 90 dias para analisar o caso, interrompendo a votação na Primeira Turma, onde os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino já haviam votado pela condenação da ré a 14 anos de prisão. Débora responde por cinco crimes, incluindo golpe de Estado e dano qualificado, e está presa preventivamente desde março de 2023.
A estátua pichada, uma obra do artista Alfredo Ceschiatti avaliada entre R2milho~eseR2milho~eseR 3 milhões, foi marcada com a frase “Perdeu, mané” — referência a uma fala do ministro Luís Roberto Barroso a um bolsonarista em 2022. Em seu voto, Moraes destacou que Débora agiu conscientemente ao se unir a grupos que planejavam um golpe, rejeitando a alegação da defesa de que seus atos foram pacíficos. A cabeleireira, mãe de duas crianças, enviou uma carta pedindo desculpas a Moraes, afirmando desconhecer o valor simbólico e material da estátua.
O caso tornou-se símbolo da polarização política no país, com bolsonaristas argumentando que a prisão de Débora representa um excesso do STF. A defesa alega falta de antecedentes criminais e risco à saúde emocional dos filhos da ré, mas o tribunal já negou pedidos de liberdade, considerando a gravidade dos crimes. O julgamento, que deve ser retomado em até três meses, coloca em debate os limites entre protesto político e violação da ordem democrática. Enquanto isso, Débora permanece detida no Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro (SP), aguardando o desfecho do processo.