Um escritório de investimentos localizado no Jardim Paulista, em Ribeirão Preto (SP), está na mira das autoridades por suspeita de lavar R$ 47 bilhões ligados ao esquema bilionário do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis. O local foi alvo da Operação Carbono Oculto, deflagrada na última quinta-feira (28), que cumpriu 350 mandados judiciais em oito estados do país.
De acordo com a Receita Federal, a facção criminosa utilizava fintechs e fundos de investimento para movimentar e ocultar valores provenientes de fraudes fiscais e adulteração de combustíveis. Somente uma dessas empresas financeiras funcionava como um “banco paralelo” da organização, movimentando mais de R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024. Além disso, cerca de 40 fundos, com patrimônio avaliado em R$ 30 bilhões, eram usados como camada extra de disfarce.
As investigações também revelaram que, no período analisado, foram importados 10 bilhões de litros de metanol de forma irregular pelo Porto de Paranaguá (PR). O produto, altamente tóxico, era desviado para distribuidoras e postos, chegando ao consumidor final em níveis de até 90% de concentração, quando o limite permitido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) é de apenas 0,5%. O esquema, segundo os auditores, gerava lucros bilionários à facção.
Além de Ribeirão Preto, a operação atingiu outros municípios paulistas, como Jardinópolis, Barretos e Pontal. Mais de R$ 1 bilhão em bens, entre imóveis e veículos de luxo, foram bloqueados. As autoridades destacam que a análise de documentos e mídias apreendidas pode revelar novos desdobramentos da atuação financeira do PCC no mercado de combustíveis e em outros setores.