A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta sexta-feira, os empresários Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e Maurício Camisotti. As prisões preventivas, autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), são um desdobramento da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema bilionário de fraudes em aposentadorias e pensões. Segundo a PF, a ação foi motivada por um risco de fuga e indícios de ocultação de patrimônio por parte dos investigados.
De acordo com as investigações, os envolvidos cometeram crimes como obstrução da justiça e dilapidação de bens. A operação cumpre dois mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal. Antônio Carlos Antunes, apontado como o principal articulador, teria movimentado R$ 9,3 milhões em repasses a pessoas ligadas a servidores do INSS. Sua defesa não se manifestou, enquanto a de Camisotti contestou a prisão, afirmando que “não há qualquer motivo que a justifique”.
O esquema criminoso funcionava por meio de sindicatos e associações que realizavam descontos indevidos e sem autorização na folha de pagamento de aposentados e pensionistas, gerando um prejuízo que pode ultrapassar R$ 6 bilhões. A PF aponta que as empresas de “Careca do INSS” serviam como intermediárias financeiras, recebendo cerca de R$ 53 milhões e repassando parte desse montante a pessoas ligadas ao instituto. O empresário é proprietário de uma frota de carros de luxo e imóveis, e também é suspeito de ter uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas para ocultar patrimônio.
A investigação também atingiu o escritório e a residência do advogado Nelson Willians, que é suspeito de realizar transações financeiras com Camisotti. A defesa do advogado afirmou que está colaborando com a polícia e que a medida é puramente investigativa. Além disso, o nome de “Careca do INSS” é ligado a políticos de Brasília, como o senador Weverton Rocha (PDT-MA). O parlamentar confirmou ter se encontrado com Antunes, mas alegou que o empresário foi apresentado como sendo do setor farmacêutico e que as reuniões tratavam sobre a legalização da cannabis medicinal. O senador não é investigado.