O ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adiel Pereira Alcântara, afirmou nesta segunda-feira (19), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que a corporação recebeu ordens superiores para reforçar abordagens de ônibus e vans com origem em estados do Sudeste e destino ao Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022. Segundo Adiel, a orientação partiu do então diretor de operações da PRF, Djairlon Henrique Moura, com o argumento de que era “hora de tomar um lado”.
O depoimento foi prestado como parte da ação penal que apura uma suposta trama golpista para manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que integrantes da cúpula da PRF atuaram para restringir o transporte de eleitores no dia da votação, especialmente em regiões onde Lula tinha maior apoio. O ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, é um dos réus no processo.
Segundo Adiel, a ordem foi repassada também pelo então diretor de inteligência da corporação, inspetor Reischak, aos chefes estaduais de inteligência. O servidor relatou ter estranhado a seleção de veículos com destino ao Nordeste e questionado a motivação da medida, ouvindo como resposta que “há coisas que são e há coisas que parecem ser”. Para ele, ficou claro que havia intenção política na ação: “Aquilo era uma determinação do diretor-geral e estava sendo seguida com objetivo claro”, afirmou.