A Polícia Federal revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) movimentou R$ 30,5 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024. O valor aparece em relatório de inteligência financeira do Coaf, com base em dados do Banco do Brasil, e mostra que praticamente todo o montante recebido foi retirado das contas no mesmo período. Mais de 70% das entradas ocorreram via PIX, totalizando cerca de R$ 19,2 milhões.
Segundo o documento, os principais créditos vieram do Partido Liberal, que repassou R$ 291,7 mil ao ex-presidente. Já os principais destinos dos recursos foram escritórios de advocacia, que juntos receberam mais de R$ 3,3 milhões. Houve ainda transferências para empresas de engenharia, arquitetura, uma loja de veículos e familiares, incluindo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o vereador Jair Renan e o deputado Eduardo Bolsonaro.
Eduardo aparece como o maior beneficiário, recebendo R$ 2,1 milhões em oito transferências. Em depoimento prestado à PF, Bolsonaro disse que enviou o dinheiro ao filho para evitar que ele passasse por “necessidades” durante estadia nos Estados Unidos. O relatório também registrou que o ex-presidente movimentou R$ 130,8 mil em espécie entre janeiro e julho de 2025, algo considerado suspeito pelo volume e pela dificuldade de rastreamento.
As conclusões do relatório embasaram o indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado entre 2022 e janeiro de 2023. Para a PF, as movimentações financeiras indicam possíveis práticas de lavagem de dinheiro e servem como prova complementar no processo em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).