A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS prendeu, na madrugada desta terça-feira (30), o presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes. Ele foi detido após prestar depoimento à comissão e ser acusado de mentir durante a sessão, que durou cerca de nove horas. Essa é a segunda prisão realizada pela CPMI desde o início dos trabalhos.
A Conafer é apontada como uma das principais entidades envolvidas no esquema de fraudes contra aposentados e pensionistas. Dados da Controladoria-Geral da União (CGU) mostram que a instituição registrou um salto significativo no volume de descontos aplicados em benefícios previdenciários: de R$ 400 mil em 2019 para R$ 202 milhões em 2023. O caso faz parte das investigações sobre um esquema bilionário de cadastros irregulares, nos quais associações incluíam beneficiários sem autorização.
Segundo documentos do INSS, durante a pandemia de Covid-19 a Conafer registrou quase 96 mil novos associados em apenas quatro meses, entre abril e agosto de 2020, período em que havia restrições sanitárias mais rígidas. A situação levantou suspeitas, já que o número exigiria centenas de autorizações diárias. O órgão chegou a recomendar a rescisão do Acordo de Cooperação Técnica com a entidade após apontar dificuldades de fiscalização.
Após a prisão decretada pela comissão, Carlos Roberto Lopes foi liberado ainda na madrugada mediante pagamento de fiança, cujo valor não foi divulgado. A CPMI segue investigando a atuação de entidades suspeitas de desviar recursos de aposentadorias e pensões em todo o país.






