Mesmo após a retomada dos trabalhos no Congresso Nacional, a crise entre a oposição e a presidência da Câmara continua. Na quarta-feira (6), após mais de 30 horas de obstrução, deputados bolsonaristas deixaram a Mesa Diretora, mas a oposição segue articulando, por fora do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), a votação do chamado “Pacote da Paz” — que inclui a anistia aos presos do 8 de janeiro, o fim do foro privilegiado e o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
Embora tenha reassumido os trabalhos em meio a boatos de acordo, Motta negou qualquer negociação com a oposição. Segundo ele, a retomada das sessões não está vinculada a nenhuma pauta específica. “A presidência da Câmara é inegociável”, afirmou a jornalistas, rebatendo informações de que teria buscado ajuda de Arthur Lira (PP-AL) para destravar o plenário.
A oposição, por sua vez, confirmou que a articulação segue entre os líderes partidários, sem o envolvimento direto de Motta. “O compromisso é entre os líderes. Vamos pautar a anistia e o fim do foro privilegiado”, declarou o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, que também rejeitou a ideia de chantagem institucional.
Apesar da saída momentânea da crise, a tensão persiste. Motta anunciou que os parlamentares que lideraram a obstrução serão responsabilizados até o fim do dia. A movimentação indica que o embate pelo controle da pauta legislativa continua nos bastidores da Câmara.