O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e a Receita Federal deflagraram, nesta quinta-feira (25), a Operação Spare, que mira um esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) envolvendo postos de combustíveis e casas de jogos clandestinos. Ao todo, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Santo André, Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco. Documentos da investigação apontam que apenas administradoras de postos ligadas ao grupo movimentaram R$ 540 milhões no período analisado.
A operação é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, que revelou a atuação do PCC em fintechs ligadas ao sistema financeiro da Faria Lima. Segundo a Receita Federal, recursos de origem ilícita eram inseridos no setor formal por meio de empresas operacionais. A ação desta quinta precisou de autorização do Tribunal de Justiça, após medidas cautelares solicitadas inicialmente pelos promotores terem sido indeferidas pela Justiça de 1º grau.
As investigações tiveram início em julho de 2020, após a Polícia Militar identificar casas de jogos clandestinos em Santos. Máquinas de pagamento usadas em empresas como o Posto Mingatto Ltda. e o Auto Posto Carrara Ltda. indicaram movimentações financeiras suspeitas, que eram transferidas para a BK Bank, fintech acusada de intermediar recursos do PCC. A análise de documentos mostrou que a quadrilha também cometia crimes contra consumidores nos postos sob seu controle, incluindo venda e armazenamento de combustíveis fora das especificações e bombas com aferição irregular.
Além disso, a organização utilizava empresas de fachada e laranjas para movimentar valores. Entre elas estão Zangão Intermediações, Optimus Intermediações, Athena Intermediações e Cangas Intermediações e Negócios. Contadores ligados ao esquema administravam centenas de empresas do mesmo grupo econômico, com um deles possuindo procuração para 941 empresas, sendo mais de 200 do ramo de combustíveis. Ele também atuava como responsável contábil da S4 Administradora de Postos e Lojas de Conveniência, utilizada na gestão dos estabelecimentos controlados pelo grupo.