O Ministério Público de Milão abriu uma investigação contra cidadãos italianos suspeitos de terem pago para atirar em civis durante o cerco de Sarajevo, ocorrido entre 1992 e 1996, na Guerra Civil da antiga Iugoslávia. A denúncia aponta que estrangeiros teriam viajado à Bósnia e recebido permissão de militares locais para disparar contra a população.
Apelidada de “turismo de atiradores”, a prática teria sido organizada por soldados do exército sérvio-bósnio, que controlava as colinas ao redor da capital bósnia. Os investigadores apuram se os envolvidos cometeram homicídio agravado por crueldade e motivação torpe.
O caso veio à tona após o escritor Ezio Gavazzeni apresentar um dossiê às autoridades italianas, reunindo informações colhidas ao longo de anos. A investigação ganhou força após o lançamento do documentário Sarajevo Safari (2022), que relata o envolvimento de estrangeiros em tiroteios contra civis.
Durante o cerco de quase quatro anos, mais de dez mil pessoas morreram em Sarajevo, incluindo vítimas de franco-atiradores. Entre os casos mais emblemáticos está o do casal Boško Brkić e Admira Ismić, mortos em 1993 enquanto tentavam cruzar uma ponte, episódio que se tornou símbolo da brutalidade do conflito.






