A Polícia Federal revelou um sofisticado esquema de fraudes em concursos públicos, operado por uma organização criminosa com base em Patos, na Paraíba. O grupo, com estrutura familiar, cobrava valores que chegavam a R$ 500 mil para garantir a aprovação de candidatos em certames federais e estaduais. A operação, que teve desdobramentos em vários estados, apontou o uso de equipamentos tecnológicos, dublês e comunicação em tempo real durante as provas.
As investigações indicam que o grupo atuava há mais de dez anos, tendo como líder um ex-policial militar, responsável por negociar com candidatos, organizar a logística das fraudes e até participar de provas como forma de validar o método. Gabaritos idênticos entre candidatos, movimentações financeiras suspeitas e uso de dispositivos eletrônicos implantados foram algumas das provas reunidas pela PF. Um laudo técnico chegou a comparar a coincidência dos gabaritos à probabilidade de ganhar na Mega-Sena várias vezes seguidas.
A estrutura criminosa contava com o envolvimento de familiares em diversas funções, desde a operação tecnológica até o aliciamento de novos candidatos. Além disso, o grupo aceitava pagamentos em dinheiro vivo, bens de alto valor e até serviços como forma de quitação. As fraudes atingiram concursos de órgãos como Polícia Federal, Caixa Econômica, Banco do Brasil e o recente Concurso Nacional Unificado (CNU).
Até o momento, três pessoas foram presas preventivamente e várias medidas judiciais foram tomadas, como busca e apreensão e bloqueio de posse dos aprovados. O inquérito também revelou que os investigados usavam estratégias para lavar dinheiro, como compra fictícia de imóveis e movimentações em nome de terceiros. O caso segue sob investigação, com apoio do Ministério Público Federal e de órgãos de controle financeiro.