O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou nesta quinta-feira sua surpresa com a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi feita a jornalistas antes de Trump embarcar para Nova York, onde assistiria a um jogo de beisebol. A maioria da Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado, mas a sentença com as penas definitivas será divulgada apenas na sexta-feira.
Ao comentar a decisão, Trump comparou a situação de Bolsonaro com os processos judiciais que ele próprio enfrenta nos EUA. “Eu achei que ele foi um bom presidente do Brasil. E é muito surpreendente que isso possa acontecer”, afirmou, acrescentando que o caso é “muito parecido com o que tentaram fazer comigo”. O ex-presidente, que chegou a chamar Bolsonaro de “um bom homem”, não confirmou se o governo americano pretende aplicar novas sanções ao Brasil.
A condenação de Bolsonaro e outros sete acusados — entre eles Alexandre Ramagem, Anderson Torres e Walter Souza Braga Netto — foi por crimes como golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. A delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, foi crucial para o andamento do processo. O julgamento, conduzido pela Primeira Turma do STF, teve diferentes placares, com o ministro Luiz Fux sendo o único a divergir em alguns dos pontos.
Recentemente, a relação entre os EUA e o Brasil tem sido tensa. Em julho, Trump já havia anunciado tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, justificando a medida, em parte, como uma resposta à “caça às bruxas” contra Bolsonaro. A Casa Branca, por meio da porta-voz Karoline Leavitt, também declarou que os EUA estariam dispostos a “usar meios militares” para “proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”, em uma clara alusão ao julgamento. Em resposta, o Itamaraty divulgou uma nota condenando o “uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força”.