A Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), presidida pelo potiguar Abraão Lincoln Ferreira, está no centro de uma investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) por suspeita de desviar R$ 123 milhões de aposentados. Segundo as autoridades, a entidade teria cadastrado ilegalmente 445 mil filiados em 2024 — muitos sem conhecimento dos beneficiários — para descontar valores diretamente dos benefícios do INSS. A CBPA, fundada em 2020, firmou acordo com o INSS em 2022, mesmo ano em que, segundo a PF, ainda não tinha associados.
As investigações revelaram que os dados de filiação foram inseridos em massa no sistema da Dataprev, muitas vezes sem autorização. Auditorias da CGU mostraram que 97,6% dos 1.273 aposentados entrevistados negaram ter consentido com os descontos. A CBPA nega irregularidades e afirma oferecer benefícios como descontos em medicamentos e auxílio-funeral. A fraude também envolve conexões políticas: o deputado maranhense Edson Araújo (PSB), ex-dirigente da confederação, recebeu R$ 5,4 milhões de uma das entidades investigadas.
Enquanto isso, o governo prepara um plano de ressarcimento, a ser anunciado na próxima semana. O presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, adiantou que novos mecanismos de segurança, como reconhecimento facial, serão implementados para evitar fraudes. As três confederações investigadas — CBPA, Conafer e Contag — são suspeitas de desviar R$ 6,3 bilhões, afetando 4 milhões de aposentados. Todos os descontos das entidades envolvidas foram suspensos.