Um estudo que avaliou estruturas remuneratórias do setor público em 12 países revelou que o Brasil concentra, de longe, o maior volume de pagamentos acima do teto constitucional. Entre agosto de 2024 e julho de 2025, esses valores somaram R$ 20 bilhões, deixando o país isolado no topo da comparação internacional.
O levantamento identificou 53,5 mil servidores — ativos e aposentados — recebendo acima do limite de R$ 46.366,19. O número supera significativamente o de outras nações avaliadas, como Argentina e Estados Unidos. Na amostra brasileira, esse grupo representa pouco mais de 1% dos quatro milhões de funcionários incluídos no estudo.
Os dados englobam servidores do Executivo federal, Judiciário, Ministério Público, Legislativo e órgãos de fiscalização, além de trabalhadores de São Paulo e Minas Gerais. Magistrados aparecem como o maior bloco, somando 21 mil nomes e R$ 11,5 bilhões. No Ministério Público, 10,3 mil servidores responderam por R$ 3,2 bilhões. Já no Executivo federal, 12,2 mil trabalhadores ultrapassaram o limite remuneratório, em sua maioria ligados a carreiras jurídicas. A Câmara também registrou cerca de mil casos.
O estudo relaciona esses valores às faixas de renda do país. A mediana anual é de aproximadamente R$ 28 mil, enquanto quase 40 mil servidores superaram R$ 685 mil no período analisado, integrando o grupo de maior rendimento no Brasil. A comparação reforça o contraste entre as remunerações pagas acima do teto e os níveis de renda mais comuns entre trabalhadores brasileiros.






