Documentos oficiais indicam que o atual secretário estadual de Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, teria articulado medidas para interromper investigações internas sobre suspeitas de irregularidades em contratos de R$ 50 milhões do Programa Melhor Caminho, voltado à recuperação de estradas rurais no estado. Os aditivos contratuais foram assinados no fim de 2022, e mais tarde se tornaram alvo do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que abriu 147 inquéritos sobre o caso.
Em 2023, a gestão anterior da pasta havia reunido documentos e encaminhado denúncias ao MPSP, ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e à Controladoria-Geral. No entanto, após mudanças no comando da secretaria, a apuração foi devolvida à pasta por solicitação de Piai, que instituiu comissões internas e um grupo técnico para analisar os contratos. Ao fim, os documentos internos concluíram pela legalidade dos aditivos, citando fatores como a pandemia e a guerra na Ucrânia como justificativas para os aumentos de valores.
Enquanto isso, o Ministério Público paulista seguiu com a apuração paralela e já moveu 12 ações civis públicas, que resultaram em decisões judiciais de bloqueio de bens no valor de até R$ 5 milhões. As ações são direcionadas a ex-servidores e empresas contratadas. O promotor responsável aponta que os reajustes foram feitos de forma genérica, sem comprovação individual de desequilíbrio financeiro nos contratos.
Guilherme Piai, apesar de não ser alvo das investigações do MP, passou a exercer forte influência nas decisões da pasta desde sua nomeação, incluindo exonerações e nomeações estratégicas. A Secretaria de Agricultura afirmou, em nota, que colaborou com o Ministério Público e que sua própria apuração interna observou todos os critérios legais, reiterando o compromisso com a transparência na gestão pública.