Em novo depoimento à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que advogados ligados à defesa de Jair Bolsonaro tentaram obter informações sigilosas sobre sua delação premiada por meio de contatos com seus familiares. Segundo ele, as abordagens incluíram visitas presenciais, mensagens enviadas a sua filha menor de idade e tentativas de aproximação de sua mãe e esposa.
Cid relatou que os advogados Eduardo Kuntz e Fábio Wajngarten mantiveram conversas constantes com sua filha mais nova pelas redes sociais e aplicativos de mensagens. Ele disse acreditar que os contatos visavam obter detalhes do acordo de colaboração firmado com a Justiça, numa tentativa de atrapalhar as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022.
O ex-ajudante de ordens também afirmou que foi procurado em eventos sociais e que os advogados chegaram a se oferecer para atuar em sua defesa. Segundo ele, até mesmo sua mãe foi abordada em três ocasiões diferentes, todas na hípica de Brasília, frequentada pela família. Cid acrescentou ainda que pode ter sido gravado sem sua autorização e que o conteúdo foi editado e repassado aos advogados.
A Polícia Federal agora apura se essas ações configuram obstrução de Justiça. O ministro Alexandre de Moraes autorizou a oitiva dos advogados mencionados e determinou a continuidade das investigações no inquérito que apura a atuação da organização criminosa envolvida na tentativa de manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas urnas.