A obra de engorda da praia de Ponta Negra, em Natal, voltou a ganhar repercussão na imprensa nacional. O jornal Estado de São Paulo publicou, no último sábado (15), uma reportagem destacando o impacto da intervenção nas ondas da praia, que antes eram um dos principais atrativos para os surfistas. Segundo a matéria, assinada pelo jornalista José Maria Tomazela, a engorda diminuiu a intensidade das ondas, tornando-as menores e fracas, o que levou muitos praticantes do esporte a buscarem outros locais para surfar.
Uma das entrevistadas foi Sônia Sales, dona da Escola de Surf Morro do Careca, que expressou preocupação com a nova realidade da praia: “Deu ruim para o surfe. As ondas agora são pequenas e quebram perto da areia”. O professor Marcelo Chaves, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), explicou que modificações desse tipo podem levar anos para atingir um equilíbrio natural. Segundo ele, a ampliação da faixa de areia alterou a zona onde as ondas se formavam, o que impactou diretamente a prática do surfe.
A Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (Semurb) defendeu a obra, afirmando que o aumento da faixa de areia precisa de um período de acomodação, e que a previsão é de que as condições para o surfe sejam restabelecidas nos próximos meses. Esta é a segunda vez que a engorda de Ponta Negra recebe destaque negativo em um grande jornal. No dia 30 de janeiro, a Folha de São Paulo já havia publicado uma matéria abordando as críticas à obra, que também afetou o mergulho na região. O debate segue intenso, e surfistas locais continuam preocupados com o futuro das ondas na praia mais famosa da capital potiguar.